quarta-feira, 8 de abril de 2009

Manifesto pelo diploma.


Médicos às questões fisio e patológicas. Engenheiros a cargo de transformações na natureza para adaptá-la ao uso do homem. Advogados à administração das leis. Ninguém pode exercer tais funções sem, antes, uma boa graduação (e qualificações, aos que sonham mais alto).

O mesmo se dá em relação à ciência da comunicação, em especial, o jornalismo. Técnica à parte, é na universidade que nós, além de adquirirmos experiência, somos lançados numa reflexão acerca da ética. Da democracia. Da informação de qualidade. Sobretudo em contextos tão adversos como o que nos enquadra, onde a informação nunca esteve tão universalizada e ao mesmo tempo restrita. Não quero atribuir culpas, afinal, pautas envolvendo globalização e suas causas e efeitos são exímias causadoras de polêmica. O que pretendo, aqui, é salientar os muitos porquês de exigir-se uma formação superior àqueles que enveredam no mundo das notícias.

Liberdade de expressão é uma das maiores conquistas obtidas pelo povo, ainda mais se levarmos em conta os vinte e um anos de repressão e silêncio de que o Brasil foi palco. Mais que uma questão de "ame-o ou deixe-o", era um "cale-se ou exile-se, morra, seja toturado, o que preferir". O argumento de que a graduação em jornalismo é um entrave a esta liberdade é, no mínimo, equivocado. Monopólio das mídias à parte, a função do jornalista é ouvir e isso tem sido feito.

Nós, enquanto jornalistas, somos formadores de opinião e estamos numa posição onde, apesar de não existir o glamour que tantos insistem em atribuir ao mundo midiático, as atenções convergem para nós. É dever nosso afastar o amadorismo e a displiscência no que concerne à noticiação, à veracidade dos fatos, e dar ao público o que ele merece - compromisso.

[Nossa, isso tá parecendo texto de campanha política... :x]

O curso de jornalismo, no Brasil, é recente se comparado aos mais tradicionais (Direito, Medicina, Pedagogia, etc.) - encontra-se na grade das universidades há pouco mais de sessenta anos. Porém, desde 1918 há a luta pela regulamentação da profissão, sendo a necessidade de formação superior reconhecida juridicamente apenas em 1969.

Nossa atividade vincula-se ao pluralismo do interesse público, é de exercício pleno e constante e está imersa num dinamismo encontrado em poucas áreas. Nas sociedades contemporâneas, querendo nós ou não, a informação jornalística é um elemento estratégico e carece da compreensão da sociedade como um todo. Abrange todos os aspectos da vida social - política, cultura, lazer, entretenimento, esporte, criminalidade, meteorologia - e é investida do poder de criar realidades.

A mídia é o "quarto poder". E, para administrá-la, não há dúvidas de que são necessários profissionais devidamente instruídos.

Perdão pelo texto enorme, caros colegas. Mas escrever ainda é o melhor remédio pra quem tem coisas entaladas que estão suplicando pra sair. Jornalista tem que ter diploma!

:*

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